Não é novidade que os valores familiares estão enfraquecendo em meio a tanto divórcio, a emancipação e a tripla jornada feminina, essa vida louca de trabalhar pra ganhar dinheiro, e cada vez mais dinheiro, mas fiquei feliz com um filme que assisti há alguns finais de semana. Não foi a primeira vez que o vi, mas foi a primeira vez que percebi quão sublime e original ele é.
Um final de semana um pouco mais tranquilo, mais pacato, assistindo alguns filmes... Depois de tanta chuva, tanta tragédia, e tantas coisas que destróem aquilo que levamos uma vida para construir ou até o que a própria humanidade ainda nem terminou (escrito logo após a tragédia no RJ e revisto logo após o ladrão levar meus livros e meu projeto de crochê)... Vi um dos poucos filmes que falam e fortalecem a Família, que está tão enfraquecida ultimamente. Como já foi dito acima, foi a primeira vez que o vi sob esse olhar: Marley e Eu é um filme emocionante e comovente, mas não havia notado sua simplecidade e genialidade.
Em meio a uma vida e uma mídia que enfraquecem as relações e os valores humanos, encontramos um filme que trata das relações humanas de modo a crer que suas adversidades podem ser superadas e que as relações podem dar certo, não o contrário, como ultimamente costumamos ver.
Somos incentivados pelos diversos meios de comunicação e até pelo nosso próprio estilo e vida a não nos dedicamos às nossas relações, mas sim a descartá-las, como mercadorias de supermercado com prazo de validade prestes a vencer, e, assim, conforme nossas "necessidades" e conveniências, as relações expiram em seu prazo de validade e logo a "fila anda", processo no qual acabamos por tratar a si e aos demais como descartáveis. E foi isso o que me comoveu neste filme: temos "o pior cachorro do mundo" que, ainda assim, é amado; temos uma família cheia de problemas e possíveis frustrações (assim como na vida real) que, mesmo assim, permanece unida; as surpresas da vida são aceitas e superadas e, além disso, pudemos perceber que algo melhor do que aquilo que planejamos e sonhanos pode nos acontecer. Além disso, não vemos aqui o culto a uma inalcansável perfeição que se traduziria na ideia que nos é vendida de felicidade, mas o culto das verdadeiras relações humanas, em que problemas e defeitos são superados sem que, necessariamente, nos tornemos infelizes por isso.